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Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revelou um dado preocupante: muitos idosos internados em hospitais brasileiros apresentam sinais de demência ou perda de memória, mas sem diagnóstico médico confirmado.
Segundo os pesquisadores, em dois terços dos pacientes com 65 anos ou mais há algum grau de comprometimento cognitivo, e, entre esses, metade nunca havia sido identificada como portadora de demência, mesmo convivendo há muito tempo com os sintomas.
A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of the American Geriatrics Society e reforça a necessidade de olhar para o envelhecimento com mais atenção, cuidado e prevenção.
Quando o problema passa despercebido
O professor e médico Márlon Aliberti, um dos autores do estudo, explica que o principal motivo é que os profissionais de saúde, nos hospitais, costumam focar apenas na doença que levou o idoso à internação, como uma pneumonia, infecção ou problema cardíaco, e acabam não percebendo as alterações cognitivas.
Isso significa que, além de não receber o diagnóstico correto, muitos idosos enfrentam tratamentos menos eficazes e têm maior risco de complicações.
Nova forma de identificar a demência ainda no hospital
Para mudar esse cenário, os pesquisadores desenvolveram uma entrevista simples com familiares e cuidadores, realizada nos primeiros dias de internação.
O objetivo é descobrir como estava a memória e o comportamento do idoso antes do problema que motivou a hospitalização.
O novo método foi testado em hospitais de São Paulo, Belo Horizonte e Recife e mostrou eficácia superior a 90%. Mais de 250 profissionais já foram treinados para aplicar a ferramenta em 43 hospitais no Brasil e em outros quatro países.
Por que isso também importa para o Direito Previdenciário
Além do impacto direto na saúde, a falta de diagnóstico pode prejudicar o acesso a direitos e benefícios previdenciários.
Pessoas com demência, Alzheimer ou outras condições que afetem a capacidade de trabalho e autonomia podem ter direito a benefícios como o BPC/LOAS, aposentadoria por invalidez ou auxílio por incapacidade, mas o reconhecimento desses direitos depende de laudos e diagnósticos médicos claros.
A identificação precoce dessas condições garante não apenas um tratamento mais adequado, mas também protege juridicamente o idoso e sua família, permitindo que os advogados e assistentes sociais tenham documentação suficiente para comprovar a situação junto ao INSS.
Envelhecer com dignidade é um direito
O estudo da USP reforça o que já se discute há anos no campo da saúde e da previdência: envelhecer com dignidade exige olhar atento, diagnóstico precoce e acesso garantido à proteção social.
Reconhecer a demência como uma condição de saúde que impacta a autonomia e a qualidade de vida é o primeiro passo para garantir direitos, benefícios e cuidado humano a quem mais precisa.
Texto: Patrícia Steffanello | Assessoria
Fonte: Agência Brasil